Palestrante Telles Martins

Autonomia de Veículos Elétricos e Híbridos: Guia Essencial

Autonomia de Veículos Elétricos e Híbridos: o que você precisa saber antes de comprar o seu

Por Telles Martins

Quando se fala em veículos elétricos (EVs), a autonomia é quase sempre o primeiro ponto que vem à tona — e também um dos mais mal compreendidos. Ainda há quem confunda autonomia com percentual de bateria, mas são conceitos diferentes.

  • Autonomia é a distância máxima que o veículo pode percorrer com a carga atual da bateria.

  • Percentual de bateria é a quantidade de energia armazenada naquele momento em relação à capacidade total.

Essa distância é resultado direto da capacidade da bateria e da eficiência do conjunto motor, transmissão e aerodinâmica. Mas, na prática, o número final depende de muitos outros fatores.

 

O que influencia a autonomia

Ao longo de mais de três décadas testando carros, posso afirmar: autonomia não é um número fixo, e sim uma estimativa variável. Entre os principais fatores que a afetam, estão:

  1. Clima – Frio intenso e chuva aumentam o consumo, seja pelo aquecimento interno, seja pela maior resistência aerodinâmica.

  2. Terreno – Subidas exigem mais energia, diminuindo a distância percorrida.

  3. Pneus – Elétricos usam pneus de baixa resistência ao rolamento, mas o perfil baixo e a aderência extra podem elevar o gasto.

  4. Modos de condução – Cada ajuste altera o comportamento do motor e dos sistemas auxiliares.

  5. Peso e carga – Mais peso, mais esforço, mais consumo.

 

Autonomia oficial x real

Montadoras divulgam dados de testes padronizados — no Brasil, o Inmetro; na Europa, o WLTP. No entanto, o número “oficial” pode ser maior ou menor na vida real.

  • BMW iX – até 800 km

  • BYD Seal – cerca de 439 km

  • JAC E-JS4 – em torno de 414 km

Um condutor econômico pode superar o dado de fábrica; um motorista mais agressivo pode perder dezenas de quilômetros.

 

Elétrico x combustão

Um carro a combustão reabastece em dois minutos.
Um elétrico, mesmo nos carregadores rápidos (DC), leva de 2 a 3 horas — mais ainda em tomadas residenciais (AC). Isso torna as viagens longas um desafio no Brasil, onde a malha de eletropostos ainda é limitada.

Híbridos: a solução intermediária

O híbrido é a ponte entre o combustível e a eletricidade.
Combinando motor a combustão e elétrico, alguns chegam a 2.000 km de autonomia. Como a bateria é menor e é recarregada pelo próprio motor, não dependem tanto da infraestrutura de recarga.

Recordes e números

Hoje, o Tesla Model S Plaid ostenta até 1.200 km de autonomia em condições ideais, com mais de 1.100 cv e recarga ultra-rápida.
Já no mercado brasileiro, modelos com 600 a 800 km custam de R$ 460 mil a R$ 1,8 milhão.
Opções mais acessíveis, com 290 a 460 km, ficam entre R$ 118,9 mil e R$ 365,9 mil.

Viagem de exemplo

Sair de Belo Horizonte rumo a Joinville com um BYD Dolphin Mini (240–290 km) é possível, mas requer planejamento minucioso das paradas para recarga. Sem estratégia, a viagem pode se tornar um problema.

Tecnologia para mais alcance

Marcas como JAC Motors, Volvo e Zeekr apostam em rodas fechadas, que reduzem o arrasto aerodinâmico e podem acrescentar 20 a 30% de autonomia.

Outro detalhe pouco lembrado: índice de eficiência energética. Essa informação, disponível na tabela do Inmetro, pode representar economia real e mais quilômetros por carga.

Vantagens e desafios

Pontos fortes dos elétricos:

  • Condução silenciosa e suave

  • Torque instantâneo

  • Manutenção reduzida

  • Isenção de IPVA em vários estados

  • IPI zero para determinados modelos

Desafios atuais:

  • Desvalorização acentuada no mercado de seminovos

  • Falta de tabela FIPE específica

  • Variação de autonomia até durante um mesmo trajeto

    Palestrante Marcelo Telles
    Palestrante Telles Martins

Se a sua prioridade é viagem longa e flexibilidade

Um híbrido ainda é a opção mais prática no Brasil. Mas, para o uso urbano, onde a recarga é previsível, o elétrico entrega uma experiência única e custos reduzidos no longo prazo.

Seja qual for a escolha, não olhe somente para o número de quilômetros prometidos pela montadora. Considere o seu perfil de uso, infraestrutura de recarga e eficiência energética real.