Foto: Canva
O design de produto ocupa uma posição central na indústria automotiva contemporânea, sendo o ponto de convergência entre funcionalidade, estética e inovação tecnológica. Em um setor que evolui rapidamente com a transição para veículos mais sustentáveis, o design é mais do que um elemento visual — ele é parte fundamental da experiência do usuário, da performance e da percepção de valor.
Ao observarmos marcas icônicas como a Ferrari, notamos como o design é capaz de expressar potência, exclusividade e legado. O emblema do cavalo rampante, por exemplo, é muito mais do que um logotipo — ele representa toda uma filosofia de engenharia centrada na excelência. Esse símbolo, aliado ao desempenho mecânico de motores V12 naturalmente aspirados com mais de 800 cavalos, revela a sinergia entre design e marketing, onde cada detalhe comunica exclusividade, tradição e performance.
No universo do marketing automotivo, o uso de informações técnicas — como especificações de motorização, detalhes de acabamento ou soluções exclusivas de conforto — é estrategicamente trabalhado para despertar o desejo do consumidor. A Rolls-Royce é mestre nisso: suas “portas suicidas” (de abertura invertida) e o guarda-chuva embutido na porta reforçam a identidade de luxo funcional e atenção aos detalhes. Não é apenas uma porta — é um símbolo de diferenciação.
Já a BMW aproveita com maestria sua herança tecnológica ao relembrar sua origem na engenharia aeronáutica, utilizando o design da grade frontal como um elemento marcante de sua identidade visual. Esse storytelling técnico, quando bem amparado por uma estratégia de marketing, transforma detalhes de engenharia em atributos de desejo.
Com a ascensão dos veículos eletrificados e a digitalização dos recursos embarcados, fabricantes como a Samsung, mesmo fora do setor automotivo, demonstram como o marketing se apropria de dados técnicos (como “quatro câmeras Full HD de 35,5 megapixels”) para destacar recursos e criar uma narrativa de inovação.
Esse mesmo raciocínio se aplica a montadoras ao lançarem novas versões de modelos já consolidados, como a Nissan com o novo Kicks — onde pequenas alterações no design exterior e upgrades tecnológicos são destacados como grandes diferenciais competitivos.
O marketing de produto, neste contexto, vai além da comunicação; ele atua na percepção de valor. A Fiat Titano, por exemplo, é um case interessante de convergência entre design e branding. A picape carrega claramente traços da Peugeot Landtrek, mas ganha identidade Fiat por meio do emblema e da estratégia de reposicionamento.
Outro exemplo emblemático é o novo Renault Kardian, que incorpora elementos de diferentes modelos — como a dianteira inspirada no Citroën C4 Cactus europeu e linhas laterais que lembram o Renault Sandero — criando um híbrido visual que atende às exigências de mercados emergentes, como o brasileiro.
No centro dessa transformação está o papel estratégico do designer automotivo, que precisa dominar não apenas a estética e a ergonomia, mas também compreender os princípios de sustentabilidade, eficiência energética e modularidade das plataformas. E, quando somamos esse design funcional a uma campanha de marketing bem estruturada, temos produtos que não apenas entregam valor técnico, mas que também inspiram consumidores e posicionam as marcas à frente em um mercado altamente competitivo.
Telles Martins é colunista, palestrante, especialista e designer, com profundo conhecimento e experiência no setor de veículos autossustentáveis e design automotivo. Sua expertise contribui para uma análise detalhada e perspicaz sobre as tendências e inovações no mundo dos veículos elétricos e híbridos no Brasil.
Este artigo foi escrito por Telles Martins, Especialista em Veículos Sustentáveis e Impacto Ambiental, e publicado em primeira mão e com exclusividade pelo Portal Rio em Foco. O seu compartilhamento requer autorização prévia.
This post was last modified on 15 de julho de 2025 16:45
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